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O que está en jogo na eleição brasileira:
uma encruzilhada estratégica

Por Gretchen Small 

14 de Outubro, 2014 – O Financial Times, em 10 de outubro, deu um claro aviso ao candidato de Londres à presidência do Brasil, Aécio Neves (PSDB). Aécio e seu grupo não devem “desapontar” a City no 2º turno das eleições de 26 de outubro. O FT range os dentes: “A final de contas, isso não é somente um debate econômico cordial: é uma guerra – a batalha final pelo controle sobre o segundo maior mercado emergente e das vidas de mais de 200 milhões de pessoas”.

A EIR concorda em um ponto com o FT: as eleições presidenciais de 2014 são uma batalha estratégica na guerra global em que está em jogo se a humanidade terá sucesso ou não no aniquilamento do Império Britânico e na criação de uma nova ordem verdadeiramente humana, dedicada à paz e ao progresso de todos.

A política editorial da EIR difere em 180 graus daquela do FT, contudo, a respeito sobre qual candidato deve ganhar as eleições. Apoiamos a reeleição de Dilma Rousseff contra seu oponente, Aécio Neves.

Qualquer que tenham sido seus defeitos – e a EIR tomou nota ao longo dos anos –, Dilma decisivamente moveu o destino brasileiro para a metade da humanidade que se levantou para prestar contas das causas humanas. Sob sua liderança, o Brasil tem se comprometido a desempenhar um papel ativo no renascimento global desenvolvido ao redor do grupo dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), assim como nos esforços junto ao Mercosul e a UNASUL – agora aliados dos BRICS – e, em particular, na corajosa resistência da Argentina contra os fundos abutres.

Como parte da dinâmica dos BRICS, o Brasil está preparado para se livrar do jugo de mais de 25 anos à ditadura financeira supranacional, retomar seu relevante potencial na indústria e na ciência nuclear e espacial, e deslanchar um rápido crescimento de produtividade requerido para aumentar os padrões de vida e a qualificação das milhões de pessoas que ainda vivem na pobreza e na miséria.

Londres, por sua vez, está determinada até chegar ao ponto de uma guerra, como se diz, para instalar um governo comprometido em tirar o “B” dos BRICS, tornando um Brasil novamente subjugado em instrumento da derrocada dos BRICS e da explosão de desenvolvimento da América do Sul a ele associada, que já em marcha. Caso a City, seja vitoriosa, e impor novamente as políticas transatlânticas no Brasil, o país irá se desintegrar rapidamente. 

Londres não detém todas as cartas

Já foi precisa a morte de um candidato à presidência para abrir a possibilidade de sucesso para essa operação britânica. O candidato nº 1 escolhido para tirar o “B” dos BRICS no primeiro turno eleitoral foi a queridinha da coroa britânica, Marina Silva, que só se tornou candidata em meados de agosto, ao se elevar das cinzas do ainda inexplicado acidente aéreo que matou o candidato do PSB, Eduardo Campos. Até então, Marina era a vice da chapa de Campos na corrida presidencial.

Londres e Wall Street desavergonhadamente fizeram campanha por Marina, pintando-a como uma “Obama” brasileira, a “candidata do povo” em socorro da abortada tentativa de deslanchar uma “revolução colorida” no Brasil em 2013. Pró-finança, anti-Estado, virulentamente anti-crescimento, anti-China, apoiada por vários “bilionários verdes” brasileiros, Marina foi aclamada como a candidata que traria uma face “popular” ao pacote londrino.

Em 2010, EIR expôs Marina como uma operação da coroa britânica, revelada em 2008 quando o príncipe Filipe pessoalmente a honrou com a medalha de Conservação do Duque de Edimburgo, por seu trabalho como ministra do Meio Ambiente (2003-08), ao bloquear projetos-chave em hidroeletricidade e ceder o controle de parcelas enormes da Amazônia brasileira ao WWF do príncipe Filipe e a outros interesses privados “verdes”.

“Marina sempre teve boas relações com as casas reais da Europa e com a aristocracia européia. Nós não podemos decidir quem a Família Real irá convidar”, afirmou secamente o ministro dos Esportes, Aldo Rabelo, quando Marina foi convidada a carregar a tocha nas Olimpíadas de Londres, em 2012.

Para desgosto da City, os eleitores brasileiros nocautearam Marina na primeira etapa da corrida eleitoral em 5 de outubro, relegando-a a uma distante terceira colocação, com apenas 21% dos votos. A presidenta em exercício, Dilma Rousseff, ficou com 41%; o empregado dos Rothschild, Aécio Neves, apareceu em segundo lugar com 34%. 

Acabando com a heroína financeira?

O mais perigoso aos olhos britânicos, foi que Dilma escolheu lutar e derrotar Marina defendendo o papel dos bancos públicos contra o sistema bancário imperial dentro do Brasil através do qual a monarquia britânica por muito tempo tem deixado aleijado o país frente às suas taxas de juros usurárias, que alimentam o carry trade internacional e saqueiam o Brasil.

Marina, em pro dos interesses dos seus patrocinadores, os “banksters” (sua conselheira mais próxima, Neca Setúbal, é filha de Olavo Setúbal e herdeira do Banco Itaú, o maior banco privado do país), prometeu em seu programa de governo que, caso eleita, iria criar uma lei para garantir a “autonomia” do Banco Central, ou seja, garantir o controle privado das finanças públicas.

Marina pretendia dar aos banqueiros a capacidade de tomar decisões que pertencem exclusivamente ao poder executivo e ao Congresso, sobre assuntos que tem um efeito direto “na sua vida e na da sua família”, tais como “as taxas de juros que você paga, seu trabalho, os preços e até os salários”, destacou Dilma em 22 de setembro, numa combatida entrevista ao Bom Dia Brasil, da rede Globo.

Os apresentadores da Globo, escandalizados, acusaram-na de “assustar as pessoas”; a TV Globo, contudo, é controlada por três bilionários da família Marinho que estão no coração das operações do WWF no Brasil.

A promessa de Marina de tornar o Banco Central “independente” iria transformá-lo no “quarto poder” da república: “Ora, Banco Central independente nos termos do Brasil é simplesmente colocar um quarto poder na Praça dos Três Poderes. Aí vai chamar Praça dos Quatro Poderes”. Dilma respondeu. Ela salientou também que Marina prometeu diminuir a participação dos bancos públicos na economia. Como iremos, então, financiar infra-estrutura no Brasil?, Dilma perguntou. “O juro de mercado não compadece com o financiamento para infra-estrutura, não é financiamento de longo prazo. Isso não é medo. Isso é real. Não sai rodovia, ferrovia, porto, aeroporto. Não sai metrô. Não sai VLT. Esquece, porque não sai”.

O Financial Times alegou que a campanha de Dilma se utilizou de uma cena de jantar tirada de um filme de gangsters para acusar Marina de estar associada aos banksters. A revista londrina The Economist protestou dizendo que ela difamou a “antiga ativista do meio ambiente”, ao afirmar que os planos de autonomia do Banco Central de Marina iriam “entregar o poder a banqueiros desonestos. 

A dupla Aécio-Armínio

Os britânicos agora reagruparam suas forces ao redor de Aécio, que é tão agente da Coroa Britânica quanto Marina, mas bem mais difícil de vender. Em 12 de outubro, Aécio declarou que ele e Marina se tornaram “um só corpo, um só projeto”, depois de confirmado o apoio dela ao candidato, quando ele prometeu se esforçar para cumprir a condição de implantar uma “economia de baixo carbono” e outras medidas anti-crescimento.

Mas os brasileiros conhecem bem o PSDB: o país se desintegrou sob a ordem neo-liberal durante o mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso, de 1995 a 2002. Ademais, demonstrando a completa bancarrota da opção britânica no Brasil, Aécio anunciou em agosto que, caso eleito, irá nomear Armínio Fraga para o Ministério da Fazenda.

Fraga! Nome que é sinônimo do carry trade internacional que devastou a economia brasileira. Em seu primeiro cargo no Banco Central entre 1991-92, Fraga criou o mecanismo para permitir a entrada de capitais de curto prazo na economia, e abriu o mercado de derivativos vinculados às taxas de câmbio e aos juros. Ele então se desligou da instituição para servir de diretor do Soros Fund Management, para sair daí direto para a presidência do Banco Central, em fevereiro de 1999, quando imediatamente elevou as taxas de juros a 45% (!), como marco da política de “barreira monetária” hiper-inflacionária de Georges Soros, para impedir que o Brasil derrubasse naquele momento o sistema financeiro internacional. Ficou lá até 2002, quando saiu para fundar seu próprio fundo “hedge”.

Aécio e Fraga prometem voltar à “ortodoxia macroeconômica”, cortar o orçamento público, diminuir o salário mínimo, promover um “tarifaço” nos preços, privatizar os bens públicos, incluindo os bancos estatais e a Petrobrás, e reduzir o papel do Estado na regulação dos preços, salários, etc.

De mãos dadas com essas medidas está a intenção declarada de mudar a política exterior brasileira, se afastando da China e Ásia, assim como diminuindo o papel do país no Mercosul, em favor de acordos bilaterais de livre-comércio com as decrépitas economias dos EUA e Europa.

Aloísio Mercadante, ministro-chefe da Casa Civil, em licença para a campanha até o final das eleições, destacou numa entrevista exclusiva ao portal 247 na última semana, que “As propostas de Aécio Neves conduzirão, na prática, ao enfraquecimento dos BRICS e do Mercosul. Na verdade, os BRICS nem sequer são mencionados em seus oito ‘Compromissos/Propostas’ de política comercial. Ou seja, o candidato ignora os esforços dos principais países emergentes para a criação de novos mecanismos de promoção do desenvolvimento e da estabilidade financeira, como o Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS e o Arranjo Contingente de Reservas... Hoje, o Brasil assume um protagonismo internacional sobre temas sociais e econômicos que é inédito em nossa história. É lamentável ver o debate sobre política externa ser permeado novamente por uma retórica conservadora, associada a uma visão subalterna do Brasil no cenário internacional”.

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